Como qualquer viagem desafiante, esta também começa com um mapa onde estão assinalados os locais de passagem numa determinada parte da China. Mas a narrativa desta obra acrescenta aos marcos geográficos o contexto dramático do país e as dimensões emotiva e artística do protagonista.
«A vida de Du Fu, no auge da sua criatividade, foi passada como um refugiado na estrada, deslocando-se de um lugar para outro», escreve Michael Wood na introdução do livro e conta que foi no outono de 2019 que partiu em viagem seguindo os passos que o poeta deu. O autor passou por vários locais e confessa que descobriu não só a história deste, como uma China antiga.
A carreira de Du Fu (712-770), O Maior Poeta da China, coincidiu com períodos de fome, guerra e migração interna, mas a sua visão filosófica secular, aliada à sua empatia com as pessoas comuns, transformou-o na voz do povo chinês. A amizade, a família, a beleza da natureza, o amor e o sofrimento humano são alguns dos temas da sua obra e que se caracterizam pela abrangência e intemporalidade, tocam todas as pessoas e todas as épocas, tanto agora como há quase 1300 anos. No livro é possível ler algumas passagens da sua poesia.
«Há Shakespeare, há Dante e há Du Fu: estes são poetas que criaram os próprios valores pelos quais a poesia é julgada; eles definiram o vocabulário emocional da sua cultura», constatou Stephen Owen, o tradutor americano do poeta. Para a edição nacional a tradução foi feita por Magda Barbeita, docente do Instituto Camões na Universidade de Comunicação da China e responsável pelo Centro de Língua Portuguesa de Pequim desde 2019. Este livro acompanha o filme da BBC Du Fu: China’s Greatest Poet, criado por Michael Wood e com Sir Ian McKellen na leitura de poemas de Du Fu.
A obra chega às livrarias a 14 de novembro.