Paris, 23 de fevereiro de 1901. Jules, um rico e privilegiado proprietário numa sociedade hiperdesigualitária, toma o pequeno-almoço enquanto lê o Figaro. Subitamente, o título de uma notícia espoleta a sua indignação (mas não o suficiente que o faça perder o apetite): avizinha-se um novo projeto de imposto sobre o rendimento.
Não se trata de algo novo. Desde 1894 (com a exceção de Raymond Poincaré) que todos os ministros das Finanças franceses apresentam um projeto de imposto sobre o rendimento. Todavia, o protesto de Jules neste dia 23 de fevereiro de 1901 será o ponto de partida para uma impressionante e didática viagem que, tomando como matriz a árvore genealógica do nosso protagonista, acompanhará oito gerações enquanto o mundo acontece.
Da Revolução Francesa ao eclodir da Primeira Guerra Mundial, da Grande Depressão ao final dos Trinta Gloriosos, da queda do Muro de Berlim à pandemia da COVID-19, os personagens desta história, arquétipos sociais que nos ajudam a compreender o impacto dos fenómenos que vão alterando a conjuntura mundial, juntam-se à grande galeria de nomes bem conhecidos – Adam Smith, Franklin Roosevelt, Richard Nixon, Margaret Thatcher, Donald Trump ou Jair Bolsonaro – para nos contar a história das desigualdades sociais.
Em Capital e Ideologia segundo o livro de Thomas Piketty, que a Temas e Debates faz chegar às livrarias a 12 de outubro, a jornalista Claire Alet e o autor Benjamin Adam exploram, com brilhantismo e humor, os principais conceitos e ideias da obra do professor catedrático na École des Hautes Études en Sciences Sociales e codiretor do World Inequality Lab através de uma divertida saga familiar em banda desenhada que, enriquecida com gráficos, diagramas, dados estatísticos globais e glossário, aproxima todos os públicos da importantíssima investigação histórica de um dos economistas mais influentes da nossa era.