Para Jeremy Bentham (1748-1832), fundador do utilitarismo, os desenvolvimentos tecnológicos promoveriam sempre as capacidades humanas e, quando aplicados na economia, aumentariam drasticamente a eficiência e a produtividade. Ainda dentro desta visão do mundo, a sociedade encontraria, posteriormente, modo de partilhar esses lucros, criando benefícios para todos.
O único senão deste otimismo? O último milénio da história está repleto de casos de novas invenções que não trouxeram qualquer prosperidade partilhada: desenvolvimentos na agricultura medieval que levaram a praticamente zero benefícios para o campesinato; fábricas têxteis que geraram grandes fortunas para uns mas não melhoraram os rendimentos dos operários durante quase um século; extraordinários desenvolvimentos no mundo informático que enriqueceram um pequeno grupo de magnatas empresariais, mas que deixaram para trás americanos sem formação superior.
Apesar de tudo, estamos mais prósperos do que as gerações anteriores. Contudo, a prosperidade alargada do passado não resultou dos lucros automáticos garantidos pelo progresso tecnológico. Ao invés, só surgiu quando o rumo dos desenvolvimentos e a abordagem da sociedade à divisão dos lucros se afastaram das disposições que serviam, sobretudo, uma elite mínima.
«Hoje, grande parte da população mundial está melhor do que os nossos antepassados porque os cidadãos e os operários das primeiras sociedades industriais se organizaram, contestaram as escolhas das elites quanto à tecnologia e às condições laborais e impuseram formas mais equitativas de partilhar os lucros obtidos com os desenvolvimentos técnicos.
Agora, temos de voltar a fazer o mesmo.»
Em Poder e Progresso – A nossa luta milenar pela tecnologia e prosperidade, o autor bestseller de Porque Falham as Nações Daron Acemoglu e Simon Johnson demonstram que o progresso nunca é automático e que a prosperidade atual voltou a servir, de resto à semelhança de outros períodos na História, para enriquecer apenas um pequeno grupo de investidores, deixando a maioria das pessoas desapoderada.
Com episódios fundamentais da história da economia e propostas para a reforma do sistema, a obra deixa a mensagem: «Uma visão nova e mais inclusiva da tecnologia só pode emergir se a base do poder social se alterar. Para tal, será preciso, tal como no século XIX, que surjam contra-argumentos e organizações que se oponham às ideias convencionais».
Chega às livrarias a 11 de abril com chancela Temas e Debates.