História do Futuro

ISBN: 9789896443597
Edição/reimpressão: 03-2015
Editor: Temas e Debates
Código: 000281000472
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SINOPSE

«Nenhuma coisa, senhor, se pode prometer à natureza humana, nem mais conforme a seu maior apetite nem mais superior a toda sua capacidade, que a notícia dos tempos e sucessos futuros; e isto é o que oferece a Portugal, à Europa e ao mundo esta nova e nunca ouvida História. As outras histórias contam as coisas passadas; esta promete dizer as que estão por vir.»
Padre António Vieira

Direção: José Eduardo Franco e Pedro Calafate

José Eduardo Franco, historiador, doutorado pela EHESS de Paris, coordenou com sucesso vários projetos de investigação, entre os quais o Arquivo Secreto do Vaticano. Publicou estudos sobre Vieira, os jesuítas e o marquês de Pombal.

Pedro Calafate, historiador e professor catedrático da Universidade de Lisboa, especialista no barroco e no racionalismo iluminista do século XVIII. Foi distinguido com o Prémio Aboim Sande Lemos da UCP pela obra A Ideia de Natureza no Século XVIII em Portugal.
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CRÍTICAS DE IMPRENSA

«A história do futuro tem a ver com a consumação futura do reino de Cristo neste mundo, espiritualmente mas também temporalmente, na qual se enquadrava uma evangelização que não se compatibilizava com o desrespeito pela dignidade dos homens e dos povos, sujeitando-os a rapinas e ladroíces várias.»
Pedro Calafate

«Passando em revista as inumeráveis ciências da adivinhação, desde a astrologia, a quiromancia e a nigromancia, até às que procuram segredos no ranger da porta, o estalar do vidro, o cintilar da candeia, o topar do pé, o sacudir dos sapatos, Vieira rejeita-as a todas. A sua própria base serão visões bíblicas, em especial a primeira profecia de Daniel, conjugadas com as trovas de Bandarra, sapateiro em Trancoso na primeira metade do século XVI. Condenado pela Inquisição, Bandarra tornar-se-ia referência do sebastianismo após a sua morte. Vieira afiança-o como cristão velho e virtuoso e como profeta confirmado. Terá sido um dos aspetos que incomodou a Inquisição, a qual acusou Vieira de heresia e o manteve detido durante dois anos. Embora as vicissitudes não lhe tenham permitido completar esta obra, ela permanece como um cume da prosa portuguesa.»
Luís M. Faria, Expresso

DETALHES DO PRODUTO

História do Futuro
ISBN: 9789896443597
Edição/reimpressão: 03-2015
Editor: Temas e Debates
Código: 000281000472
Idioma: Português
Dimensões: 152 x 234 x 38 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 616
Tipo de Produto: Livro
Classificação Temática: Livros > Livros em Português > Ciências Sociais e Humanas > Filosofia
Notável prosador e o mais conhecido orador religioso português, o Padre António Vieira nasceu em 1608, em Lisboa, filho primogénito de um modesto casal burguês, e faleceu na Baía em 1697. Quando tinha apenas seis anos, os seus pais mudaram-se para a Baía, no Brasil, tendo aí iniciado os seus estudos. Os jesuítas tinham sido desde sempre os portadores da cultura e civilização no Brasil, com relevo especial para os Padres José de Anchieta e Manuel de Nóbrega. Assim sendo, cursou Humanidades no colégio da Companhia de Jesus, onde revelou bem cedo dotes excecionais. Aos 15 anos, motivado pela sua fé na Virgem das Maravilhas na Sé baiana e por um sermão que ouviu sobre as torturas do Inferno, Vieira teve o seu famoso "estalo" e decidiu ingressar na Companhia de Jesus. Ante a oposição dos pais, Vieira fugiu de casa e prosseguiu a sua formação, em que predominavam as Humanidades Clássicas (principalmente o latim), a Filosofia e a Teologia, com especial relevo para a Sagrada Escritura. Guiado pelos pressupostos e práticas jesuíticas, que apontavam para o objetivo primordial da salvação do próximo através da pregação, exerceu a sua função evangelizadora junto dos indígenas de uma aldeia onde passou algum tempo. Todavia, cedo regressou à capital de forma a continuar a sua formação. Ao entrar no segundo ano do seu noviciado, assistiu à brusca invasão dos holandeses na Baía, tendo de refugiar-se no interior da capitania. Começara, então, a Guerra Santa entre Portugal e os inimigos de Deus, a que Vieira não ficou alheio durante mais de 25 anos. Descrevendo estes eventos calamitosos do ano de 1624, na "Carta Ânua" ao Padre Geral em Roma, Vieira deixou claro que a sua atividade não se limitaria a ser meramente religiosa, pois os preceitos jesuíticos, que apontavam para a emulação e o instinto de luta, levavam-no a bater-se pela justiça. Em 1625 António Vieira fez votos de pobreza, castidade e obediência e, propondo-se missionar entre os ameríndios e escravos negros, estudou a "língua geral" (tupi-guarani) e o quimbundo. Foi nomeado professor de Retórica no colégio dos Padres em Olinda, onde permaneceu dois ou três anos, tendo depois voltado à Baía com o fito de seguir os cursos de Filosofia e Teologia. Ordenado padre em dezembro de 1634, depressa se avolumou a sua fama de orador e se celebrizaram os seus sermões que refletiam as vicissitudes da Baía, em luta contra os holandeses, e criticavam a ganância, a injustiça e a corrupção. Em 1641, restaurada a independência, Vieira acompanhou o filho do governador, que vinha trazer a adesão do Brasil a D. João IV, à Metrópole. Em Lisboa, começou a pregar em S. Roque e logo o seu talento se espalhou pela cidade. Segundo o testemunho de D. Francisco Manuel de Melo, a afluência às pregações era tal que, como se de provérbio se tratara, corria a frase: "Manda lançar tapete de madrugada em S. Roque para ouvir o Padre António Vieira". Cativa o favor de D. João IV, que não tardou em convidá-lo a pregar na capela real, onde ele proferiu o seu primeiro sermão no dia 1 de janeiro de 1642. Dois anos depois foi nomeado pregador régio. Nos numerosos sermões desta época da sua vida, Vieira não se cansava de animar o auditório a perseverar na luta desigual com Castela e propunha medidas concretas para a solução de problemas, inclusive de ordem económica. A sua situação privilegiada dentro da corte teria contribuído para que fosse encarregue de diversas missões diplomáticas na Holanda, França e Itália, como foi o caso do casamento do príncipe Teodósio. Em 1644, António Vieira proferiu os votos definitivos, depois de ter feito o terceiro ano de noviciado em Lisboa. A Companhia de Jesus começou a ver com maus olhos a sua influência nos destinos do país, ameaçando-o de ser expulso da Companhia. A pedido da mesma, voltou ao Brasil em 1653, para o estado do Maranhão e aí assumiu um papel muito ativo nos conflitos entre jesuítas e colonos, como paladino dos direitos humanos, a propósito da exploração dos indígenas. No ano seguinte pregou o Sermão de Santo António aos Peixes. Foi expulso do Maranhão pelos colonos, em 1661, e regressou a Lisboa. De novo na capital, D. João IV, seu protetor, havia falecido e D. Afonso VI, instigado pelos inimigos do orador, desterrou-o para o Porto e, mais tarde, para Coimbra. Perfilhando as novas expectativas sebastianistas que encontrou no reino, que se baseavam no juramento de D. Afonso Henriques, nas cartas apócrifas de São Bernardo, nas profecias atribuídas a São Frei Gil e nas famosas trovas de Bandarra, escreveu o Sermão dos Bons Anos, em 1642. Foi nesta altura que a Inquisição o prendeu sob a acusação de que tomava a defesa dos judeus, acreditava nas possibilidades de um Quinto Império e nas profecias de Bandarra. Entretanto, a situação política alterou-se. Destituído D. Afonso, subiu ao trono D. Pedro II. António Vieira foi amnistiado e retomou as pregações em Lisboa. Em 1669 parte para Roma como diplomata e obtém grande sucesso como pregador, combatendo o Tribunal do Santo Ofício. Na Cidade Eterna, continuou a defesa acérrima dos judeus e ganhou grande reputação, encantando com a sua eloquência o Papa Clemente X e a rainha Cristina da Suécia. Regressou a Portugal em 1675; mas, agora sem apoios políticos e desiludido pela perseguição aos cristãos-novos (que tanto defendera), retirou-se de vez para a Baía em 1681 onde se entregou ao trabalho de compor e editar os seus Sermões. A sua prosa é vista como um modelo de estilo vigoroso e lógico, onde a construção frásica ultrapassa o mero virtuosismo barroco. A sua riqueza e propriedade verbais, os paradoxos e os efeitos persuasivos que ainda hoje exercem influência no leitor, a sedução dos seus raciocínios, o tom por vezes combativo, e ainda certas subtilezas irónicas, tornaram a arte de Vieira admirável. As obras Sermões, Cartas e História do Futuro ficam como testemunho dessa arte. Padre António Vieira. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2008.
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