Esta interpretação arguta de John Barton lança uma nova luz sobre o Livro, mesmo sobre as suas passagens mais conhecidas, revelando não apenas as fontes e tradições subjacentes, mas também o trabalho exaustivo dos escribas e editores que reuniram e remodelaram os textos. Decifrando o processo pelo qual alguns desses textos, considerados sagrados, se tornaram canónicos e foram incluídos na Bíblia, ao contrário de outros, Barton demonstra que a Bíblia não é o texto fixo que se costuma considerar, mas o resultado de uma longa e intrigante evolução.
Seguindo o rasto da sua disseminação, tradução e interpretação no judaísmo e no cristianismo desde a Antiguidade até ao aparecimento da moderna exegese bíblica, Barton esclarece de que modo os significados foram sendo impostos à Bíblia ou extraídos dela. Uma parte da originalidade deste livro consiste em iluminar o espaço que existe entre a religião e a Sagrada Escritura, mostrando que a correspondência entre as duas não é exata e que todos os pensadores religiosos, de Santo Agostinho a Lutero e Espinosa, abordaram essa questão. Barton mostra neste «Uma História da Bíblia» que, se quisermos considerar a Bíblia uma «autoridade», não poderá ser da mesma maneira que os crentes do passado tantas vezes o fizeram.