2025-06-02

O mundo como um jogo numa teoria radicalmente nova acerca da política mundial e da tecnologia

Em Construtores de Mundos, Bruno Maçães afirma que a política mundial mudou. A geopolítica deixou de ser simplesmente uma competição pelo controlo territorial: nesta era de alta tecnologia, transformou-se numa competição para criar o território.

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«A tecnologia suscitou fortes dinâmicas competitivas, pois entrámos numa era em que as superpotências estão a reconstruir ativamente o mundo.» No livro Construtores de Mundos, Bruno Maçães usa os seus conhecimentos de geopolítica e tecnologia para explicar como, nos últimos anos, estes dois conceitos combinados mudaram o presente e estão a desenhar o futuro.

O autor começa por mapear a estrutura essencial da política global. Seguem-se depois quatro capítulos intitulados 2018, 2020, 2022 e 2024. Neles descreve o sistema mundial e a forma como os seus elementos estão ligados, abrangendo várias áreas de competição entre estados. Cada capítulo é também uma história que nos ajuda a perceber como a tecnologia e a geopolítica produziram uma nova síntese. No seu conjunto, os capítulos dão-nos as histórias globais mais importantes da década em que o autor se tem dedicado à escrita, ou seja, entre 2015 e 2025. «As guerras da tecnologia iniciadas por Trump, os planos chineses para um novo sistema global, a pandemia, a guerra na Ucrânia e, finalmente, a crise climática são capítulos de um processo revolucionário.»

Num momento em que os antigos conceitos já não funcionam, este livro visa introduzir uma teoria radicalmente nova acerca da política mundial e da tecnologia. Entendidos como uma «construção do mundo», os acontecimentos mais importantes dos nossos conturbados tempos surgem subitamente ligados e é revelada a sua lógica interna. «À medida que as novas tecnologias aumentaram paulatinamente o potencial destrutivo do conflito direto, foi aberto um novo caminho: os estados podem agora combater-se sem vencerem na batalha direta, mas estabelecendo as regras sob as quais os outros estados deverão operar.»

Bruno Maçães defende que vivemos num mundo tecnológico, como um ambiente completamente artificial, e que os estados vivem preocupados com a superioridade tecnológica. «O facto importante é que a tecnologia moderna promete cada vez mais – ou ameaça – libertar-nos da paisagem natural que, no passado, era considerada um campo de jogos nivelado para as diferentes nações e impérios.» As grandes potências procuram construir um mundo habitado por outros estados, conservando ao mesmo tempo a capacidade para mudar as regras ou o estado do mundo sempre que seja necessário. Em conclusão, Maçães considera o futuro mais distante, em que o metaverso e a inteligência artificial se transformam no mundo – um mundo que as grandes potências têm de se esforçar por construir e controlar.