2025-02-19

A ciência da paternidade e os estudos que provam a ligação natural dos homens aos bebés

Sarah Blaffer Hrdy demonstra que os homens que mantêm um contacto íntimo prolongado com os bebés apresentam reações quase iguais às que acontecem no corpo e no cérebro das mães.

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O senso comum, com o apoio da história e da ciência, ensinava-nos que cabia às mulheres cuidar das crianças, mas agora já não é bem assim. A proximidade entre os homens e os seus bebés não é só um sinal dos tempos, mas um facto científico e Sarah Blaffer Hrdy demonstra-o em O Tempo dos Pais.

Temos assistido ao que acreditamos ser uma fusão do comportamento parental com novas circunstâncias socioeconómicas e culturais, como por exemplo mulheres a trabalhar, patriarcados a ruir e novos métodos de conceber e alimentar bebés. Contudo, a autora mostra que não se trata apenas de andar ao sabor da onda cultural porque há, afinal, raízes biológicas, segundo descobriram os cientistas ao analisarem o que acontece no corpo e no cérebro dos homens que cuidam de bebés. E importa referir que, quando fala de bebés, a autora refere-se a crianças nos seus primeiros mil dias de vida.

«Vários endocrinologistas documentaram alterações em níveis hormonais semelhantes às que ocorrem nas mães, e quando os neurocientistas começaram a fazer tomografias ao cérebro de homens cuidadores primários, descobriram que o seu cérebro reagia do mesmo modo que o de uma mãe», segundo a autora na introdução do livro. A Professora Hrdy escreve que há agora «provas de que homens que nunca passaram por uma gestação, nunca deram à luz, muito menos amamentaram – homens que, durante a maior parte da evolução e da história humanas não cuidaram de bebés –, reagem aos bebés com tanta sensibilidade como as mães».

Em busca da explicação para este fenómeno, a autora convoca os dados de milhões de anos da evolução de mamíferos, primatas e humanos e incorpora novas descobertas da neurociência, genética, endocrinologia e outros domínios da ciência. Neste livro Sarah Blaffer Hrdy junta também sociedade, cultura, história e biologia e acrescenta ainda a sua própria experiência pessoal, tanto como mãe e avó, como enquanto antropóloga e primatóloga. Ao longo de mais 300 páginas, a autora descreve a sua investigação sobre quando e como emergiram emoções cuidadoras nos homens e relata também como tenta identificar o que é necessário para que se expressem. O livro conta ainda com uma parte dedicada a notas e outra a referências que mostram a profundidade e riqueza da investigação da autora.