Mas a crónica da Europa Central não se reduz à sua importância geoestratégica nem aos conflitos em torno da sua disputa, como sabiamente demonstra Martyn Rady, autor do sublime Os Habsburgos, em Uma Nova História da Europa Central – Os Reinos do Meio, um estudo amplo e impressionante que, além de explorar as características distintivas das potências centro-europeias e do seu contributo fundamental para movimentos como a Reforma e o Romantismo, o desenvolvimento da filosofia do Renascimento e do Iluminismo, nos ajuda a compreender a Europa do presente e do futuro.
Nas livrarias a 19 de outubro.
«Para a Europa Central, as ameaças vieram sempre de todas as direções, mas, historicamente, aquelas que vêm de oriente foram sempre as mais terríveis. Hunos, godos, ávaros, húngaros, mongóis-tártaros, turcos otomanos e assaltantes cossacos e crimeanos, todos eles entraram pela Europa Central adentro pelo seu flanco oriental, trazendo consigo a morte e a rapinagem. Os escribas medievais tinham um nome para os invasores: eram homens-cão, que tinham escapado do Cáucaso onde Alexandre Magno em tempos os encerrara.
Os homens-cão da atualidade poderão não ter os focinhos e as caudas imaginários dos seus antepassados, mas, com os seus lança-mísseis, carros de combate e drones, são igualmente terríveis e não menos subversivos dos ideais defendidos no livro dos Evangelhos de Otão III.»
A invasão é um tema recorrente na história da Europa Central. Começa com os godos e os hunos no século IV, continua com os ávaros, os eslavos e os húngaros nos séculos VII e IX, e inclui depois os mongóis e os turcos otomanos, no final da Idade Média. A partir de 1500, os invasores chegam de todos os lados – os franceses de ocidente; os suecos, de norte; e os russos, de nordeste.
Depois ser dilacerada por Napoleão, a região é ameaçada por uma nova leva de transformações em 1848 e no século XX, constitui o ponto de partida de duas guerras mundiais.
No século XXI, é palco da guerra mais destrutiva travada na Europa em mais de setenta anos.
Abrangendo a área que atualmente inclui a Alemanha, Polónia, Hungria, Áustria, Eslovénia e Roménia ocidental, ou Transilvânia, o âmbito deste livro é, porém, tão fluído quanto as componentes históricas da Europa Central, aventurando-se por vezes no território da atual Ucrânia, Croácia, Suíça e Estados do Báltico.
Em Uma Nova História da Europa Central – Os Reinos do Meio, Martyn Rady conta a história das potências centro-europeias – que, apesar de partilharem a mesma civilização medieval com as ocidentais, e de com elas terem assistido à redescoberta dos ensinamentos clássicos a que chamamos Renascimento, às lutas em torno da religião durante a Reforma, ao crescimento dos impérios, ao Iluminismo, ao nacionalismo moderno e à industrialização, aderiram a estes grandes movimentos de forma diferente, distinguindo-se com uma identidade própria e produzindo espantosas realizações nos domínios da política, da sociedade e da cultura.