2023-03-08

China: terá o «milagre» económico chegado ao fim?

«Sei que nada sei», diz o paradoxo socrático. Contudo, no que respeita à China, os investigadores nem sequer sabem exatamente o que não sabem. Na verdade, mais do que desconhecerem se o país constitui um «milagre» económico, os teóricos questionam agora se o milagre terá chegado ao fim. Autor de várias obras que transformaram o modo como os historiadores veem a China moderna, Frank Dikötter desmistifica, em A China depois de Mao, a história do país desde a morte do líder da Revolução Cultural.

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Há alguns anos, a República Popular da China comemorou quatro décadas de «Reforma e Abertura», o nome dado ao programa de reformas económicas iniciado em dezembro de 1978 que levaria o país à sua posição atual de segunda economia do mundo.

 

Mas em que assenta este crescimento extraordinário? E até que ponto se pode falar em prosperidade quando a maioria dos dirigentes não entende sequer o básico de economia, focando-se quase obsessivamente num único número – o do crescimento –, muitas vezes às custas do desenvolvimento?

 

Num país hiperpolarizado, onde a corrupção é intrínseca ao sistema e a dívida continua a crescer mais depressa do que a economia, a suposta «transição» rumo ao «capitalismo» está longe de ser uma realidade.

 

Partindo de uma pesquisa de seiscentos documentos de uma dúzia de arquivos municipais e provinciais, notícias de jornais e livros de memórias não publicados, Frank Dikötter relata em A China depois de Mao a ascenção de uma superpotência, num texto de leitura obrigatória.