Há alguns anos, a República Popular da China comemorou quatro décadas de «Reforma e Abertura», o nome dado ao programa de reformas económicas iniciado em dezembro de 1978 que levaria o país à sua posição atual de segunda economia do mundo.
Mas em que assenta este crescimento extraordinário? E até que ponto se pode falar em prosperidade quando a maioria dos dirigentes não entende sequer o básico de economia, focando-se quase obsessivamente num único número – o do crescimento –, muitas vezes às custas do desenvolvimento?
Num país hiperpolarizado, onde a corrupção é intrínseca ao sistema e a dívida continua a crescer mais depressa do que a economia, a suposta «transição» rumo ao «capitalismo» está longe de ser uma realidade.
Partindo de uma pesquisa de seiscentos documentos de uma dúzia de arquivos municipais e provinciais, notícias de jornais e livros de memórias não publicados, Frank Dikötter relata em A China depois de Mao a ascenção de uma superpotência, num texto de leitura obrigatória.