2025-04-16

Um guia otimista com seis propostas para um mundo melhor em sociedade

C. L. Skach acredita que não são só regras e leis que mantêm uma sociedade organizada, são também as atitudes dos cidadãos. O livro Como Exercer a Cidadania é a reação de uma académica que viu as constituições falharem e que acredita nas pessoas.

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«As constituições são, afinal de contas, as leis mais importantes numa democracia, num país governado pelo e para o povo», escreve C. L. Skach no início do seu livro. Contudo, acrescenta que agora estamos numa altura em que é preciso «fazer com que a democracia funcione de modo diferente» e, segundo a autora, a solução é «um cidadão de cada vez». Em Como Exercer a Cidadania – 6 lições para construirmos um mundo melhor, enumera as seis áreas que considera essenciais para estimular uma boa cidadania: liderança, direitos fundamentais, espaços públicos, segurança alimentar e ambiente, diversidade social e educação.

C. L. Skach conta que a sua «vida adulta como promotora da lei começou provavelmente com a queda do muro de Berlim». Dedicou anos à academia e a ajudar a construir as malhas de leis e regras parlamentaristas que estruturam a ordem das sociedades. Foi em 2008, ao ser convidada como «especialista constitucional» para ajudar na Reforma Constitucional do Iraque, que tudo mudou. O acampamento onde estava foi atingido por um foguete e, perante a desordem e o pânico do momento, a sua carreira teve um ponto de viragem. «Foi aí que finalmente reconheci aquilo que sempre sentira, mas reprimira: que as leis supremas e, de forma mais geral, as regras, podem elas próprias estar repletas das sementes da destruição da boa ordem.»

Neste livro, a professora C. L. Skach apela a que avancemos para além das constituições. Defende que, tal como os sistemas naturais complexos geram espontaneamente ordem, também nós o podemos fazer. «Espero mostrar-lhes por que razão a nossa dependência da lei para tornar possível que vivamos juntos se tornou tão problemática e, depois, como aplicar as soluções.» Recorrendo a exemplos como o dos jardins de infância da cidade italiana de Reggio Emilia, ela propõe não a governação pela força, mas uma sociedade que seja local, cultivada e verdadeira. Baseando-se em seis princípios tão simples como passar tempo num banco de jardim, este livro mostra como os espaços comunitários, a educação e os mercados podem ser remodelados para alimentar a cooperação e promover a prosperidade.

«Porque as leis e as regras e as constituições são, afinal de contas, muito parecidas com transplantes de células estaminais de um ser humano para outro», escreve a autora no início do livro. «Sem a terapia de acondicionamento pré-transplante que prepare os pacientes, especialmente aqueles com problemas clínicos crónicos, as complicações devidas à introdução de corpos estranhos podem ser catastróficas.» Pessoal, filosófico e prático em partes iguais, Como Exercer a Cidadania convida-nos a ver a sociedade não como algo imposto pela lei, mas antes como algo que criamos em conjunto.