Em Herança. A Origem Evolutiva do Mundo Moderno, o antropólogo Harvey Whitehouse reúne o conhecimento de quase quatro décadas de investigação e colaboração com especialistas e defende que a herança coletiva da humanidade resulta da combinação entre a evolução cultural e a evolução biológica da espécie.
«Aquilo que transmitimos de uma geração para a seguinte – as nossas tradições culturais – tem assumido formas extremamente diversas, ainda que todas elas radiquem, em última análise, na nossa psicologia evoluída», escreve o autor na introdução. «Esta combinação das nossas tradições culturalmente evoluídas e das nossas intuições biologicamente evoluídas constitui a nossa herança coletiva enquanto espécie, que nos foi transmitida por inúmeras gerações dos nossos antepassados. Este livro é sobre essa herança e o perigo de a desperdiçarmos. E é também sobre o modo como a poderemos aplicar mais sabiamente no futuro.»
O autor argumenta que «os elementos constitutivos mais básicos da nossa herança comum são três vieses naturais que têm sido repetidamente observados em todas as sociedades humanas.» São eles o conformismo, a religiosidade e o tribalismo e rejeita a ideia de que o livro seja uma obra de psicologia evolutiva assente na ideia de que o comportamento humano é baseado na genética. Criados pela seleção natural e modelados por milhares de anos de evolução cultural, o conformismo, a religiosidade e o tribalismo catalisaram as maiores transformações na história humana, desde a invenção da agricultura e o aparecimento dos primeiros reis à criação de impérios multiétnicos. Explicando os mecanismos das tribos dos nossos dias, entre as quais se contam as células terroristas e as agências de publicidade predatórias, Whitehouse mostra como, ao ficarmos sem os alicerces culturais que nos permitiam controlar os nossos vieses, estamos a perder o controlo do mundo que construímos.
«Trata-se de um livro sobre o modo como as nossas predisposições naturais foram aproveitadas e ampliadas por milhares de anos de evolução cultural, permitindo-nos ultrapassar as limitações da natureza para podermos cooperar em sociedades cada vez maiores», escreve Harvey Whitehouse. «Em conjunto, estes dois processos evolutivos – biológico e cultural – produziram a riqueza acumulada do conhecimento e da tecnologia da humanidade que definem o mundo moderno.»
Segundo o autor, o futuro do planeta está atualmente em jogo porque os avanços tecnológicos ultrapassaram os nossos instintos sociais. Contudo, acredita que o futuro da humanidade depende da sabedoria com que usamos a nossa herança coletiva. A obra está dividida em três partes (Natureza Evoluída, Natureza Alargada e Natureza Reimaginada) e, ao longo de quase 400 páginas, relata uma série de episódios em diferentes contextos e partes do mundo, assim como as suas experiências pessoais. As várias notas no final do livro permitem ao leitor seguir a pesquisa de Whitehouse.