Depois de Contra o Vento, em que analisava a evolução do império, após a Segunda Guerra Mundial até 1960, e de Os Desastres da Guerra – Portugal e as Revoltas em Angola (1961: Janeiro a Abril), onde se debruçava sobre as três principais convulsões que no início de 1961 colocariam em causa a soberania nacional, o investigador jubilado do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa Valentim Alexandre regressa ao estudo da última fase do colonialismo português com uma nova e minuciosa investigação.
No Fio da Navalha – Portugal e a Defesa do Império (1961: Abril a Novembro), que a Temas e Debates faz chegar às livrarias a 7 de setembro, percorre o período que se seguiu ao fracasso do golpe de Estado conhecido como Abrilada e a resposta do poder colonial português aos desafios impostos quer pelas alterações do quadro internacional – onde a vaga de descolonização atingira o seu auge –, quer pelas condições internas de cada uma das colónias – com particular relevância para o caso de Angola, cuja crise questionava todo o sistema colonial português.
A 13 de abril de 1961, vencido o golpe de Estado protagonizado por Botelho Moniz e Almeida Fernandes, e reconhecida a urgência de uma resposta do Governo às várias ameaças ao império português – que incluíam a insurreição no norte de Angola e a pressão internacional para a deslegitimação do colonialismo por força das resoluções da ONU –, o Presidente do Conselho Oliveira Salazar assumiu a pasta da Defesa Nacional e deu início a uma remodelação governamental, o que resultou na mobilização do contingente geral do Exército para combater a insurreição em Angola, além de um pacote de medidas que este livro analisa com rigor.
Desde a tentativa de restauração do poder colonial no norte angolano à política de informação, passando pelas reformas conduzidas por Adriano Moreira e pelas relações do país com o exterior, No Fio da Navalha – Portugal e a Defesa do Império (1961: Abril a Novembro) investiga as ameaças e respostas do regime para salvar um império em estado frágil, num documento fundamental para a historiografia portuguesa do século XX.